MA #16 – Instinto de aprender (parte 1/2)

Será que os nossos instintos naturais podem nos ajudar com a nossa aprendizagem?

Na verdade, isso depende da forma como você os usa. E para usá-los com sabedoria, é preciso entender a neurociência dos comportamentos instintivos e dos comportamentos, digamos, “civilizados”.

Assista o vídeo para entender melhor.

Sem tempo de assistir? Leia a transcrição!

Olá tudo bem!

Aqui é Ana,

Esta é mais uma vídeo-aula do Mais Aprendizagem.

Você sabe que o seu órgão de aprender é o seu cérebro. O seu cérebro não serve só para aprender. Ele também possui outras prioridades que muitas vezes entram no caminho de uma aprendizagem mais sistematizada.

Hoje a gente vai falar um pouco disso. Nós iremos falar dos sistemas mais primitivos do cérebro e como a gente pode usar este sistema a nosso favor.

Então vamos ver como é que a gente usa os nossos instintos a nosso favor na hora de aprender.

A grosso modo a aprendizagem acontece em duas etapas. Primeiro você tem uma série de sinais que estão sendo recebidos por você através dos seus sentidos.

Você tem que de alguma maneira processar estes sinais para poder realizar algum tipo de aprendizagem.

Acontece que nós temos um problema. Nós somos bombardeados a cada instante por um monte de sinais dos cincos sentidos.

E não dá para processar tudo isso ao mesmo tempo. Se você já viu a nossa vídeo-aula sobre o modelo da mente você vai entender que a nossa memória de trabalho é bem limitada.

Assim a gente não consegue processar todas as informações que chegam aos nossos sentidos a cada segundo.

Para isso, para a gente não enlouquecer com tanta informação ou ficar paralisado por elas a gente tem dois filtros no nosso cérebro.

Um deles é que a gente chama de SAR (Sistema Ativador Reticular) e o outro é a amígdala.

Então a gente vai ver como eles funcionam. Para que eles servem. Depois a gente vai ver como tirar proveito do funcionamento deles para aprender melhor.

Então vamos lá. O Sistema Ativador Reticular é um feixe de nervos que fica posicionado bem na base do crânio.

É a parte mais primitiva, mais fundamental do cérebro. Inclusive se você tiver algum dano neste feixe de nervos você muito provavelmente entra em estado de coma.

O Sistema Ativador Reticular possui várias funções que são ligadas ao funcionamento básico do organismo. Ela tem uma função que nos interessa particularmente aqui que é a função de filtrar tudo que vem dos nossos sentidos.

Todo aquele bombardeio de informações. Ele vai filtrando e jogando algumas informações para a consciência. O que ele não consegue é jogado para o inconsciente.

Quais são os critérios que o SAR usa para decidir o que vai para a consciência e o que não vai para a consciência?

Alguns fenômenos ligados ao funcionamento do SAR podem ajudar a entender os critérios que são usados. Por exemplo, você vai comprar alguma coisa, por exemplo, um sapato.

Então você no comércio procurar uma sapataria. Tudo que você vê na sua frente são sapatarias.

O comércio é enorme, tem lojas de tudo o que é jeito. Porém, o fato é que você se predispõe a ver só as sapatarias da rua.

Isto acontece porque você está com a cabeça esperando este tipo de informação. Este tipo de informação passou a ser relevante para você. Então o SAR prioriza este tipo de informação para jogar na consciência.

Outro fenômeno muito interessante é quando você está em uma festa. Tem aquele barulho e de repente alguém fala o seu nome e você imediatamente é chamada a atenção.

Um teste muito engraçado que se faz em dinâmica de grupo é fazer as pessoas olharem para o grupo e verificar quantas blusas vermelhas existem ali.

A pessoa vai lá e olha e conta. Ah! Tem 10 blusas vermelhas. Em seguida, o apresentar pede para fechar o olho e pergunta assim:

Quantas blusas marrons havia na sala?

Tudo mundo rir porque na verdade você só estava prestando atenção nas blusas vermelhas.

O final desta dinâmica é quando o apresentador diz:

Pode abrir os olhos agora e olhe as blusas marrons. Você então começa a observar que tinha várias pessoas com blusas marrons na sala.

Então, você pode ver que existem critérios que o SAR usa para aquilo:

-que ele vai jogar no consciente;

-ou para aquilo que ele vai jogar no inconsciente.

Estes critérios são justamente direcionados para o que você tem mais interesse. Para aquilo que está mais ligado de alguma forma afetiva para você.

Este tipo de coisa acaba estimulando para que o SAR jogue aquela informação para a sua consciência. As outras informações vão para o inconsciente.

Agora vamos falar um pouquinho da amígdala. A amígdala é uma parte do sistema límbico que é uma parte do cérebro que lida com as emoções.

Se você ainda não viu, assista a vídeo-aula sobre as três partes do cérebro. Ele vai mostra exatamente aquele cérebro mais interno que é mais primitivo.

Este cérebro a gente chama de reptiliano. Depois vem o sistema límbico que é o cérebro que lida com as emoções.

Em seguida vem o córtex pré-frontal.

O córtex é um sistema que lida mais com o raciocínio.

Então a amígdala é que vai fazer o julgamento do significado emocional daquele sinal que você trouxe para a consciência.

Ai tem dois julgamentos possíveis para ela. Ou ela sente que aquilo é um sinal de perigo.

Neste caso ela vai jogar aquela informação para o cérebro reptiliano. Assim você vai ficar naquela situação de fugir, congelar ou lutar.

Ou ela interpreta aquele sinal como sendo um sinal de tranquilidade.  Caso isto ocorra,  ela  joga aquela informação para o córtex pré-frontal.

Isto ocorrendo pode acontecer algum tipo de aprendizagem. Lá no córtex pré-frontal alguns sinais acabam chamando mais atenção do que outros. Por exemplo, coisas que são novidades, mudanças, curiosidades.

Então existem algumas coisas que ativam mais o córtex para estas informações que a amígdala mandou para ele.

Como podemos usar estas informações do funcionamento do cérebro para aprender melhor?

Então para a gente não deixar esta vídeo-aula muito longa, veremos a parte prática na segunda parte.

Enquanto isso eu te convido para visitar o blog e verificar os outros materiais.

Assim você pode fazer comentários, pode tirar as suas dúvidas.

Este tipo de retorno é muito importante para mim onde estarei sempre lendo e respondendo na medida do possível.

É mais fácil eu responder no blog. Desta forma sugiro que você vá no link que está embaixo do vídeo e vá no nosso site.

No blog você vai encontrar este material e vai poder ter mais chance que eu consiga responder as suas perguntas.

Então, até a próxima vídeo-aula sobre como usar os seus instintos para aprender mais.

Tchau!!

40 Comentários


  1. Olá Ana, sensacional! Agora eu compreendo porque reagimos de forma diferente aos vários estímulos que nos são apresentados no dia-a-dia.

    Também passei a entender as causas que nos levam a ajustar as informações que recebemos de pensar à nossa maneira de pensar. Será que este é um dos motivos pelos quais é tão difícil convencer as pessoas de idéias contrárias as nossas?

    Parabéns!

    Abraços e sucesso,
    Marco Ogê.

    Responder

    1. Oi, Marco, bom te ver por aqui. 🙂
      Acredito que além das questão biológica, tenha os jogos de poder e de interesses que dificultam as relações.

      Responder

  2. Oi Ana, que aula maravilhosa.
    Que ferramenta você está usando para fazer essa apresentação? Ficou ótimo.

    Responder

  3. Oi Ana,

    Excelente trabalho!

    Como posso ver a parte 2 do Instinto de aprender, a prática?

    Responder

  4. Boa noite, gostaria de saber como baixar o programa que vc utiliza para fazer essas aulas ou mapas mentais.

    José MARIA

    Responder

  5. O médico fez cirurgia de retirada das minhas amígdalas quando tinha 17 anos, agora tenho 29. Será que isso pode atrapalhar meu aprendizado de maneira geral?

    Responder

    1. Alexandre a amigdala de que eu falo na verdade é uma estrutura do cérebro e não a amigdala que a gente tem na garganta.
      A sua cirurgia não afetou o seu aprendizado.

      Responder

  6. Ana, então no aprendizado nós temos que focar nosso cérebro
    só em aprender? é isso?

    Responder

    1. Na verdade eu colocaria de uma outra maneira Rogério.
      No aprendizado a gente tem que criar condições para que o nosso cérebro consiga aprender.

      Responder

  7. Obrigado Ana pela investigação tão útil. É fantástico ver o funcionamento perfeito dessa máquina chamada cérebro e como podemos utiliza-la melhor. Sem dúvida muito relevante.

    Responder

  8. Ana,

    fantástico esta sua disposição e virtuose em disponibilizar material inteligente para nós.

    No marketing digital, principalmente quando falamos de conteúdo, citamos muito os termos útil e relevante.

    Para mim, grande parte do seu material tem um componente extra que excita nossa atenção, pelo fato do texto/vídeo incorporar duplo aprendizado. creio que você entende.

    Abraços!

    Responder

  9. muito boa esta explanação,o x do problema e como isolar todas as informções que chegam à mente com o que , estamos estudando, este isolamento é que é crucial, eu tenho uma verdadeira crise neste
    sentido sempre que estou fazendo alguma coisa meu sistema esta nos anéis de saturno

    Responder

  10. Oi Ana,
    Tudo bom?
    Admiro muito seu trabalho, parabens mesmo! Adorei o video
    Sucesso!

    Responder

  11. Muito Bom Ana!!! Alias eu acho que eu assisti todos os videos do MaisAprendizagem e do vídeo aulasByAna, não tenho certeza se vi todos porque as vezes me perdia na sequencia. Gostei muito! Muito mesmo! inclusive fiz os mapas mentais no FreeMind de todas as aulas.
    Algumas sugestões (se você não se importar):
    – Acho que seria legal se você disponibilizasse os mapas mentais junto com as aulas também.
    – O conteúdo total das vídeo aulas é muito grande e são relacionados entre si, acredito que seria legal se montasse uma arvore de mapa mental no site relacionando todo o conhecimento com todos os videos (com links em cada ponto da arvore para seu respectivo vídeo). Facilitaria a visão das relações entre os conteúdos e também serviria de guia para a escolha da ordem de assistir os vídeos escolhida por cada pessoa.

    Responder

    1. Oi Márcio obrigada pelas sugestões.
      Eu estou pensando em uma maneira de disponibilizar os mapas mentais pelo menos de algumas aulas mais novas.
      Provavelmente pelo Pinterest. Com relação ao relacionamento do conteúdo estou tentando organizar em categoria e em tags.
      Se você navegar um pouco no site você vai ver que você pode procurar por categorias, por tags. As relações não são lineares então não é possível ter uma sequência muito específica.

      Responder

  12. oi Ana,
    Boa tarde!
    Antes de tudo, parabéns por compartilhar tanto conhecimento.
    Olha! Tenho 45 anos e em julho do ano passado resolvi estudar
    ingles e uns dois meses atrás estava para desistir de tudo
    chegando a conclusão que minha idade não permitia mais…

    foi quando ouvi uma entrevista sua com Alessandro Brandão
    (englishexperts).. e resolvi escarafunchar seu blog… vi, ouvi, anotei,
    e pasme! descobrir que eu não sabia estudar.. eu não tinha técnica
    nenhuma…

    Isso tudo é uma maravilha e estou encantado com toda essa sua
    habilidade… com neurociência, mapas mentais…

    Ana, vc já imaginou se tudo isso fosse aplicado na fase escolar?
    se as crianças desde cedo deixassem de decorar e tivessem a
    oportunidade de aprender a estudar?

    sabe! com técnica fica até gostoso estudar.

    e para finalizar quero só
    te parabenizar mais uma vez…
    Obrigado
    e forte abraço!

    Lyra

    Responder

    1. Oi Lyra muito obrigada pelos parabéns e por compartilhar a sua história.
      Realmente sem técnica fica difícil para a gente atingir um nível mais alto em qualquer habilidade inclusive estudar.
      Na verdade eu acho um crime que estas coisas não sejam estudadas na escola.
      Eu tenho um grupo de alunos em uma turma fechada em que eu ensino os mapas mentais em detalhe e eles me reportam exatamente isso.
      Se você tem uma boa técnica o prazer de estudar acaba vindo. Ele acontece naturalmente.
      Abraço.

      Responder

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