Um dos meus “guilt pleasures” (ou “prazeres culpados”, em tradução literal) infelizmente não é gostar de ler madrugada adentro. Claro que também gosto muito de madrugadas literárias, porém esse é um prazer sem culpa. Por outro lado, o que me deixa bem chateada comigo mesma é quando acabo indo assistir aqueles cortes do “The Voice” e programas similares no YouTube… 🙈
Óbvio que o problema não está em ouvir uma música ou outra em si. Música é necessária p/ a vida!
Na realidade, a questão é aquela velha armadilha do YouTube: um vídeo sugere outro, que leva ao outro e agora “só mais esse último”… Daí, quando me dou conta, já passei 3 horas pipocando de vídeo em vídeo. Do The Voice vou para os “Got Talent”, daí p/ o “X-Factor” e do “X-factor” para “American Idol” (sim, eu chego a esse nível)…
Ah, vai, existem “guilty pleasures” bem menos saudáveis por aí… 😝
Como escapar dos escapismos?
Felizmente, só bem raramente caio nessa cilada. Acontece principalmente quando sinto que estou precisando me livrar de um lixo bem mais tóxico: as notícias do dia…
Ainda bem que também tenho uma relação quase compulsiva com a leitura. Uma livraria ou até mesmo a lista dos meus livros no celular me deixam maluca, querendo ler todos ao mesmo tempo. Geralmente estou lendo de dois a três livros só no celular, fora o que leio durante o dia, a trabalho. É muita leitura mesmo…
E o que faz a diferença entre me render aos melhores candidatos a “pop star” ou passar as mesmas 3 horas entregue aos livros?
Na verdade, o que realmente acaba ditando isso é… acredite se quiser….
… o aplicativo que eu abro primeiro quando deito ao final do dia com o celular (eu sei, eu sei, deitar com o celular não é o melhor dos hábitos, mas se for p/ ler e com proteção de luz azul está valendo, né?) 😁
A primeira dica p/ gostar de ler
Esse detalhe do aplicativo ilustra a primeira coisa que é preciso para você começar a gostar de ler:
Os livros precisam estar disponíveis no seu ambiente. Na verdade, eles precisam estar mais disponíveis que qualquer outra coisa. Por exemplo, no celular, os aplicativos de leitura devem ficar bem visíveis e fáceis de acessar. Por outro lado, os outros (jogos, YouTube e Redes Sociais) devem ser removidos da tela principal. Ou seja, você deve configurar o celular de um jeito que você vai ser obrigado(a) a dar pelo menos 5 toques. Enquanto isso, vc tem tempo p/ pensar se realmente vai cair naquela armadilha de novo…
Porém esse comentário sobre a disponibilidade alta de livros foi só uma prévia das dicas que vem por aí. As 5 dicas para gostar de ler que quero te contar são aquelas que ninguém fala por aí…
Então, ‘bora começar? É só seguir a leitura. Ou se preferir, pular para o trecho que achar mais interessante:
- Leia livros interessantes p/ você
- Converse com os livros
- Encare os livros grandes
- Leia vários livros do mesmo autor
- Suas mãos podem fazer você gostar de ler mais…
- Leia 30% mais rápido ainda hoje!
Antes de mais nada, se você está buscando dicas para ler livros técnicos e didáticos, você pode encontrar duas estratégias específicas p/ leituras de estudo nesses outros artigos:
E agora, vamos aprender a simplesmente curtir uma boa leitura todos os dias! 🥰
Leia livros interessantes p/ você
Para que a leitura diária não se transforme em “tortura diária”, é fundamental escolher livros sobre assuntos que você gosta. E veja bem, eu disse você! De verdade, não interessa o que a sua vizinha curte ou o que o seu professor indica. Isso é problema deles!
Por exemplo, se você gosta de filmes de aventura, procure livros no mesmo gênero e com temas parecidos. Na realidade, você pode até começar com livros que foram a base de alguns dos filmes e séries que você gosta. Nesse caso você já vai ter uma ideia geral da história, o que ajuda bastante na compreensão da leitura. E claro, uma boa compreensão é fundamental para uma leitura prazerosa. A não ser que você seja uma daquelas pessoas que odeiam spoilers… Se for esse o caso, melhor escolher outras dica… 🙄
De todo modo, em geral o livro costuma ser bem mais profundo que os filmes. Se você gostou da história e das personagens, com certeza vai gostar de saber mais sobre eles!
Além disso, alguns filmes baseados em livros são até bastante fieis a história do livro. Por outro lado, existem outros que acabam criando uma história bem diferente. Ou seja, o livro será como ler algo novo, só que no mesmo gênero.
Por exemplo, “O código da Vinci” de Dan Brown foi adaptado de forma bem próxima ao texto original. Enquanto isso, em “O Conde de Monte Cristo”, a telona e o livro contam duas histórias completamente diferentes. E claro, a do livro é muito melhor! 🥰
IMPORTANTE: Não deixe o preconceito literário afastar você da leitura
Agora, atenção: quando for escolher o que ler, principalmente no início – em que você não tem o hábito de leitura formado – não se deixe levar por gente preconceituosa. Por exemplo, se os livros do Augusto Cury chamam a sua atenção, experimente-os. No entanto, se for Paulo Coelho o ‘cara’ que vai ajudar você a se tornar um(a) leitor(a) voraz, manda ver no Paulo Coelho! E aproveite para mandar (mentalmente!) os preconceituosos p/ aquele lugar… 🤬
Aliás, sendo bem sincera, nem acho os dois tão ruins assim. Sim, eu li livros dos dois! Cá entre nós, ridículo é sair emitindo opiniões sobre a obra de alguém sem ler pelo menos um livro inteiro do sujeito…
Obviamente esses dois autores – apesar de grandes “best sellers” – não são exatamente “alta literatura” e são objeto de bastante preconceito literário. Mas eles podem, sim, ser uma porta de entrada perfeitamente válida no mundo da leitura. Posso garantir que já li coisas bem piores que esses dois, principalmente na adolescência… 🙈
Então, essa é p/ você adivinhar: um desses dois autores eu gosto um pouco mais, enquanto que o outro eu simplesmente não curto o estilo. Então, quem é quem? Deixe seu palpite nos comentários…
Agora vamos voltar aos tipos de livro válidos ou não quando o seu objetivo é aprender a gostar de ler. Acima de tudo, o mais importante no início é estabelecer uma relação de prazer com a leitura. A partir desse prazer é que você vai construir o hábito de ler de forma muito mais fácil e natural.
E não se preocupe: em algum momento na sua trajetória de leitor(a), livros mais “sofisticados” vão chamar a sua atenção. É simplesmente inevitável. O melhor de tudo, você vai estar mais preparado(a) para eles. 😉
Você só vai aprender a gostar de ler se conversar com os livros…
Pense nisso: quantas vezes vc acabou vendo uma série porque parecia que todo mundo falava dela e vc não queria ficar por fora? 🤔
Muitas vezes, poder conversar nos intervalos da faculdade e escrever nas redes sociais sobre a série, os episódios, as personagens amadas e odiadas é mais divertido do que a própria série em si. E se ela for mesmo boa, durante um episódio, você vai conversar com as personagens:
“Não! Não faça isso!”
“Lá vai ele encher a menina de novo…”
“Vamos lá, por favor, não me decepcione, não dessa vez… “
Até mesmo conosco, dentro de nossas cabeças, nos comunicamos em forma de conversa (que nem sempre é muito amistosa…):
“Puxa, mas como eu sou idiota!”
“Preciso ir ali no mercado, mas esse trabalho está tão atrasado…O que eu faço?”
“Ai, que doce maravilhoso, heim? Eu devia ter pedido dois… “
Enfim, se você está lendo ativamente, é natural que converse com o livro. Além disso, vc quer saber a verdade, nua e crua?
Ler sem conversar com o livro é tão chato quanto assistir aquela aula expositiva com 3847 slides… tanto é assim que dá um sono terrível!
O que pouca gente (que não tem hábito de ler) sabe é que aqueles leitores do tipo que “piram” na livraria e ficam cheirando os livros (assim como essa que vos escreve), normalmente “conversam” com seus livros o tempo todo.
Na verdade, a palavra mais apropriada é “engajar”. Nesse caso, engajar-se com algo é estabelecer um relacionamento ativo, de troca constante de informações. Isso implica em se envolver mental e emocionalmente com o texto. Às vezes até fisicamente!
Pense bem:
Se torcemos, rimos, choramos e nos indignamos com uma situação, uma personagem, uma cena de uma série ou filme, por que não teríamos as mesmas experiências com os livros? Afinal, são só duas mídias contando histórias…
Agora atenção: se vc já está pensando “ah, mas é que eu não gosto de ler”, sinto informar que existe uma grande probabilidade de vc não saber ler! Pelo menos não com a fluência que deveria…
Calma! Continue lendo comigo que eu já explico (DICA: A culpa não é sua…)
Veja no caso de séries e filmes: você não gosta do aparelho de TV em si. Mesmo que haja efeitos especiais incríveis, o seu engajamento é principalmente com a história, porque o nosso cérebro é simplesmente obcecado com histórias. Então, se vc gosta de séries dramáticas, de terror ou de aventura, porque motivo não iria gostar de ler livros com histórias do mesmo tipo?
Não tem explicação racional p/ isso!
Ou melhor, na verdade tem uma explicação sim… é que 99% de nós fomos terrivelmente mal alfabetizados….
Então, durante a sua leitura, geralmente tem algum ruído chatinho, atrapalhando o engajamento! Mais ou menos como se você estivesse vendo um filme com som muito ruim.
E é isso é o que eu chamo de “não saber ler”: é não conseguir ler com fluência e naturalidade na sua própria língua, a ponto de perder histórias incríveis que o seu cérebro ama… 😢
Esqueça o livro, foque na história!
Na verdade, para você encontrar prazer na leitura e passar a realmente gostar de ler, vc precisa esquecer que está lendo. Ou seja, a sua atenção precisa estar totalmente direcionada para a história do livro. Assim, você não vai “só” ler, vai vivenciar a história e todas as suas emoções. Do jeitinho que acontece com as séries e os filmes…
Muitas vezes o tal ruído na leitura é tão presente que você já nem percebe que ele está ali. Ele é produzido por dificuldades variadas de leitura. Por exemplo, se a sua leitura é lenta ao ponto de dar sono ou então se vc não sabe usar a pontuação p/ estabelecer o ritmo correto do texto, sua compreensão fica prejudicada. E então, junto com ela lá se vão o prazer da história e a sua capacidade de conversar e se engajar com ela. 😧
Como conversar p/ aumentar o gosto pela leitura
A solução p/ não se deixar parar por dificuldades de leitura é começar por aquilo que vc consegue ler sem ruído ou pelo menos com o mínimo de dificuldade. Pode ser quadrinhos. Também podem ser romances “água com açúcar”, daqueles que têm sempre com o mesmo roteiro e um final feliz. E claro, também pode ser o Paulo Coelho, o Augusto Cury. Na verdade, qualquer texto que despertar o seu interesse e não deixar você tropeçando nas palavras está valendo!
Daí, quando encontrar um livro em que a leitura funcione com um mínimo de ruído p/ atrapalhar, aí sim você pode focar sua energia em ler de forma ativa, ou seja, conversar com o livro.
“E como se faz isso, profe?”
Na verdade é muito simples: basta imaginar que um amigo está contando a história p/ você. Nesse caso, como você interagiria com ele? 😉
Algumas sugestões p/ começar:
- pergunte sobre o que está rolando, como você agiria na mesma situação, etc…
- questione atitudes, formas de pensar
- discorde das opiniões do narrador ou das personagens
- concorde também, afinal você não precisa ser sempre do conta!
- entre de cabeça na torcida pelas suas personagens favoritas
- tente imaginar o que vem depois.
Normalmente essa conversa toda é mental, mas se você resolver conversar em voz alta com o seu livro, pode deixar que eu não vou contar pra ninguém… 😜
Encare os livros grandes
“Como assim, profe? Assim eu desanimo antes de começar…”
Aha! Aí é que você se engana! Livros grandes podem assustar a primeira vista, mas eles tem lá suas vantagens… Se for o caso, leia em algum dispositivo eletrônico, assim você não vê o tamanho… 🙃
O fato é que o início de qualquer livro sempre requer um esforço maior que o restante do texto.
Como ainda não conhece nada do livro, o(a) leitor(a) precisa entender o ambiente, as personagens, acostumar-se com a forma de se expressar daquele autor, etc… Só então a pessoa começa a criar uma conexão emocional como a história que vai despertar também a curiosidade sobre o que vem depois. Consequentemente, voltar ao livro no dia seguinte não será mais uma “obrigação” ou estratégia. Pelo contrário, será o maior prazer!
Então, se um livro é bem grande, você só vai passar por esse momento de adaptação uma vez. Logo em seguida, você pega o embalo da história, e então vai ter uma leitura confortável garantida por um bom tempo. Ou seja, o livro grande ajuda bastante no processo de formar o hábito da leitura com menos esforço.
Alguns livros “gordinhos” que gostei muito de ler e recomendo são:
- “O poderoso chefão”, de Mario Puzo
- E se você gostar desse, tem a coleção toda em um box com quatro livros de pura adrenalina.
- “O tempo entre costuras”, de María Duenas
- “Um cavalheiro em Moscou”, de Amor Towles.
Entre as séries, que também podem funcionar como um grande livrão, indico as seguintes tetralogias:
- As Brumas de Avalon , Marion Zimmer Bradley (primeiro dos 4 livros)
- “A amiga genial”, de Elena Ferrante
Leia vários livros do mesmo autor
Uma alternativa similar aos livros grandes – mas sem o efeito do “medo” que eles costumam provocar – é ler uma sequência de livros do mesmo autor. Por exemplo, “A amiga genial” me fez ficar tão apaixonada pela escrita da Elena Ferrante que acabei lendo mais uns 4 ou 5 títulos dela depois da famosa tetralogia.
Mas você não precisa ter os mesmos gostos que eu. Basta encontrar um autor que tenha escrito vários livros e que seja do seu gosto. Geralmente, isso acontece com os best sellers. Por exemplo, se quiser algo jovem, pode ir de John Green, que é autor de “A culpa é das estrelas” e que também tem vários outros títulos publicados, todos na linha “jovem adulto”. Aliás, os livros “jovem adulto” costumam ser leituras interessantes e leves, muito bons para começar.
Se por outro lado, vc curte suspense/terror, pode ler alguns dos mais de 50 livros de Stephen King. Por exemplo, eu li “Zona Morta” muitos anos antes de virar um filme (que se chamou no Brasil de “A hora da Zona Morta”).
Na verdade, se vc for por essa linha de ler vários títulos de um mesmo autor, as possibilidades são infinitas… É só entrar na página inicial de qualquer livraria online e se deixar levar para a toca do coelho… 😍
Suas mãos podem fazer você gostar de ler mais…
Essa talvez seja a dica mais surpreendente da lista, mas é também uma das mais efetivas. Você pode usar a mão espalmada passando sob o texto que está lendo ou só um dedo.
Técnicamente, isso é chamado de guia visual. A técnica do guia visual consiste em usar um objeto como guia para os seus olhos. Dessa forma você consegue:
- controlar a velocidade da leitura
- evitar um excesso retornos no texto
- ler um pouco mais rápido que você normalmente leria.
E o fato é que a leitura mais rápida torna tudo bem mais interessante! Quem lê muito devagar acaba sentindo como se estivesse vendo um filme em câmera lenta. Na real, é um tédio!
Além disso, a leitura rápida aumenta a concentração e a compreensão do texto. Desse jeito, é claro que você vai gostar de ler muito mais!
Eu sei, eu sei…
… parece contraditório dizer que ler mais rápido aumenta a compreensão do texto, mas não brigue comigo, vá discutir lá com os cientistas cognitivos… São eles que confirmam: bons leitores leem rápido e entendem melhor. Você pode ler alguns livros de pesquisadores que falam em leitura: “Por que os alunos não gostam da escola” e “Os neurônios da leitura” são dois bons exemplos.
Ou então você pode ler esse outro artigo que escrevi sobre leitura “dinâmica”.
Finalmente, se vc quer tirar a prova por si mesmo(a), veja o vídeo abaixo, onde eu explico porque a velocidade ajuda a gostar de ler e ainda mostro na prática como usar o dedo como guia visual. Além de tudo, você também vai fazer um teste da sua velocidade de leitura, com e sem o guia. Bora ver?
Leia 30% mais rápido hoje!
No vídeo acima você encontra um teste de antes e depois para que você mesmo possa confirmar que sua leitura aumenta de velocidade com uso do guia visual.
Aqui a gente não fica só falando… a gente mostra como se faz!