Certa vez eu me deparei com um artigo na internet em que o pesquisador neozelandês John Hattie apontava qual era o principal fator para o sucesso da aprendizagem de alunos. A conclusão, feita a partir de um meta-estudo GIGANTE, é que o principal fator que influencia no aprendizado dos alunos é o professor.
O problema é que nem sempre temos um excelente professor para ensinar tudo o que precisamos aprender – ou, em alguns casos, nem mesmo temos um professor – qualquer um – a nossa disposição. Isso pode ocorrer em diferentes áreas de aprendizagem, mesmo em graduações e pós-graduações.
O que fazer, então? Descubra assistindo ao vídeo abaixo:
O pesquisador John Hattie trabalha com um conceito da pedagogia chamado Visible Learning. O estudo inicial que deu origem a este conceito foi um meta-estudo que analisou 150 variáveis que poderiam influenciar a aprendizagem de alunos. A grande conclusão é que apenas 5 dessas variáveis traziam uma melhora realmente significativa para eles, sendo que o fator que se sobressaiu a todos os outros foi a presença de um professor de qualidade.
E, só para constar, apenas 5 fatores pioram a experiência de aprendizagem e um deles é a televisão. Esse é mais um motivo para você não misturar seus estudos com a distração da TV.
As 7 características de um excelente professor
Voltando à questão do professor: como nem sempre temos um professor à nossa disposição, eu fiquei pensando em como pegar 7 características de professores fora de série (que faz parte de outro estudo desenvolvido por John Hattie) e apresentá-las aqui no Mais Aprendizagem para que você possa usá-las em você mesmo para aprender mais e melhor por conta própria.
Acompanhe:
1 – Saia da sua zona de conforto
A primeira qualidade para ser um professor fora de série é estimular o aluno a ir para frente e ultrapassar seus limites, medos e inseguranças. Para adaptar essa característica em sua realidade, é necessário sair da sua zona de conforto. Essa ideia está de acordo com outros pesquisadores mais tradicionais da pedagogia, como o Jean Piaget e o Lev Vygotsky, por exemplo. Enquanto você estiver conformado com uma determinada situação e conseguir “se virar” com as coisas que você já sabe, você dificilmente conseguirá aprender coisas novas. Além disso, a melhor “região de aprendizagem” é aquela onde você está ligeiramente além do que você já conhece.
2 – Entenda antes de prosseguir
Bons professores explicam seus conteúdos de formas variadas até que todos entendam. Essa é a segunda qualidade para ser um professor realmente bom.
Como trazer isso para a nossa realidade? Tente entender o que você está estudando antes de partir para outro assunto. Não fique carregando a dúvida ou fingindo que ela não existe. Pergunte de novo se você tiver um professor disponível para isso, e caso não tenha, pesquise sobre o assunto em bibliotecas ou na Internet, vá a fóruns, sites e blogs que tratem sobre o tema e busque por diferentes explicações.
3 – Seja gentil consigo mesmo
Terceira qualidade dos grandes professores: ter disposição para ajudar. Nem sempre temos essa disposição dos professores, por isso, a solução, independente da presença de um professor, é ser gentil consigo mesmo quando estiver enfrentando algum tipo de dificuldade. Se você não entendeu na primeira explicação, peça outra.
Não se martirize. A aprendizagem nem sempre é um processo simples, por isso você precisa ter paciência. Tenha a capacidade de acolher suas dificuldades e trabalhá-las de forma positiva para desenvolver sua capacidade de aprender cada vez mais.
4 – Seja criativo
Quarta qualidade: os ótimos professores costumam variar as atividades que eles propõem e também os espaços onde elas vão acontecer. Sabemos que a monotonia é uma inimiga da memória, então bote a sua criatividade para funcionar!
Não fique estudando sempre do mesmo jeito, no mesmo lugar, com a mesma apostila ou fazendo sempre a mesma atividade, pois seu cérebro pode passar a não prestar mais atenção naquilo. O mesmo vale para as fontes de informação, que também precisam ser variadas (misturando a leitura dos livros e a interação com vídeos, por exemplo).
5 – Observe-se
A quinta qualidade para ser um professor fora de série é o esforço que um professor faz para entender o ponto de vista do aluno. Para trazer isso a sua aprendizagem, você precisa aplicar a auto-observação: ao observar como você aprende melhor, você pode desenvolver técnicas e estratégias mais eficientes de usar seus pontos fortes e se analisar como está o desenvolvimento da sua aprendizagem.
6 – Organize-se
Professores excelentes mantém suas coisas organizadas: espaços físicos e materiais úteis, que façam sentido ou que não sobrecarreguem seus alunos. Portanto, organize seus estudos para conseguir aprender tudo o que gostaria, dentro do tempo que você tem.
Você precisa montar um quadro de horários para distribuir sua carga de estudo, trabalhar com lista de tarefas e fazer um planejamento a curto, médio e longo prazo que estejam em harmonia com os seus objetivos. Quanto mais você se organizar, mais você conseguirá progredir – e isso é motivador!
7 – Acredite em você mesmo
Um bom professor acredita que todas as pessoas são capazes de aprender. Essa é a característica mais importante de todas. E ele passa isso para os alunos e, com isso, o aluno também acredita na sua capacidade. Portanto, acredite em você mesmo! Acredite que você é capaz de aprender.
E como se convencer que você é capaz de aprender, sem cair em um falso “pensamento positivo”?
A ciência mostra como fazer isso: existem diversos estudos de pessoas que aparentemente não tinham nenhum talento ou que não possuíam um Q.I. inicialmente elevado e no entanto tiveram um ótimo aprendizado ao usar a abordagem correta.
Você também pode coletar evidências de sucesso: transformar as suas aprendizagens em “blocos menores” para observar, aos poucos, o que você está aprendendo – com técnicas de aprendizagem eficientes, claro.
Qual dessas dicas você gostou mais ou que mais fez diferença para sua aprendizagem? Deixe seu comentário abaixo, eu vou adorar ler!
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Gostei muito desse material! Já faz um tempo que acompanho o trabalho da Ana e sempre que estou com dificuldades para aprender ela é minha referência, e tenho conseguindo avançar na aprendizagem pouco a pouco graças ao seu compromisso com a aprendizagem compartilhada.
Abraço Ana!
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Nós que agradecemos o seu feedback e por acompanhar o nosso trabalho, Elias. Que bom que os materiais têm contribuído.
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Oi Ana ,
Um professor de matemática me indicou o seu site e desde então tenho tirado muita informação de qualidade das suas aulas. Acho que o assunto ” como aprender” deveria ser prioridade nas escolas. Nada é por acaso . graças a sua “frustação pessoal ” temos acesso a esse trabalho que toca na ferida de muitos alunos.
Certamente você ajuda muito mais pessoas do que sabe . ( eu mesmo ainda não tinha comentado aqui ).
Abraços !
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Parabenizo você pelo ótimo trabalho que está fazendo ajudando muitas pessoas a melhorarem o seu processo de aquisição de conhecimento com essas técnicas de aprendizagens pesquisadas por você e bem esquematizada e maravilhosamente apresentada nessa série de videos.Desejo cada vez mais sucesso . Abundância,prosperidade,saúde,paz e muita luz.
Abraço
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Oi Ana…
Muito show essa vídeo – aula…
Realmente nós podemos desenvolver cada uma dessas sete habilidades com êxito.
E para isso é necessário ESFORÇO…Ele vai além da força de vontade.Pois exigirá , que eu faça algo sem ter vontade, apenas pelo compromisso de fazer aquilo. Foi isso que eu entendi.
abraços…
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Sim, Pablinny, precisa esforço mesmo. Para reduzir a carga de esforço necessário, o ideal é construir hábitos. Dessa forma, vc começa a fazer o que precisa sem parar para pensar. 😉
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Oi Xará, tudo bem?
Então, como já estava colocando as postagens do blog em ordem em um ritmo bacana, não irei parar meus estudos por aqui.
Adorei essas dicas, mas enquanto assistia eu ficava me perguntando lá no fundo o que realmente me atrapalhava para ser uma ótima autodidata e vou abrir o coração… rs.
Acho que nesse processo de aprendizagem, seja lá qual assunto for, passamos por uma espécie de “solidão”. Não me recordo se já vi sobre isso aqui mesmo no seu blog ou em outro lugar, mas o fato é que parece que cada vez estamos mais sozinhos quando buscamos essa realização de sermos professores de nós mesmos e eu não sei ao certo como resolver isso rs.
Porque por mais que eu fale para as pessoas o que está acontecendo comigo, pessoalmente ou virtualmente, elas continuam passivas, elas não “chegam junto”, elas nem se permitem verem seu blog…
Sei que para tudo nessa vida cada um tem seu tempo e que a motivação maior é a que vem de dentro de você, e por isso meu esforço é não me desmotivar com essa passividade coletiva, mas é algo que tem me incomodado, porque no meio do caminho dos estudos, tenho aquela felicidade de ter feito aquela associação fantástica e quero contar para alguém e cadê? rsrsrs Chega a ser engraçado…
Eu tolero muito a dor, enfrento razoavelmente bem, e se você, que tem muito mais experiência do que eu nesse processo, me disser que é assim mesmo e que tem que tocar para frente, eu vou aceitar e vou tocar o barco. Mas se tiver uma alternativa de ao menos me concentrar mais, deixar de pensar em querer partilhar com alguém (lembrei da alternativa do blog, do meu blog) vou adorar saber qual é. O problema do blog é a expectativa dos comentários, não sei se estou pronta para mais uma expectativa na minha vida rsrsrs
Céus, que texto grande. Perdão!
Mas é essa a dúvida que tenho refletido há dias e que esse vídeo colocou a cereja no bolo rs.
Abraços.
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Pois é, Xará, eu acho que um blog, uma página no face ou mesmo um instagram mostrando os seus resultados pode ajudar. Claro que no início as pessoas não dão muita bola, mas daí vc vai conseguindo mais seguidores.
Aliás, essas redes são ótimas para vc encontrar gente que tem os mesmos interesses que vc. Por exemplo, no insta tem muitos concurseiros que postam sobre a sua rotina e tem vários seguidores. Procura lá, faz um comentário ou outro, vai construindo uma tribo. 😉
Abraço.
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Olá Ana,
Eu tenho essa mesma sensação. Fico triste em saber que meu novo conhecimento não está sendo partilhado, nem é de comum interesse de “ninguém” perto de mim. Fico triste em saber que estudo tanto, mas que esse conhecimento provavelmente só vai ser usado para uma simples prova.
As poucas vezes que tenho o prazer de compartilhar o que aprendi me sinto tão feliz e isso me faz enraizar tanto mais meu aprendizado que gostaria tanto de ter um ciclo mais constante de aprendizado e compartilhamento desse conhecimento.
Estou inclusive pensando em iniciar um canal de youtube e “ensinar” o que aprendi (deixando claro que sou apenas aluno), para ver se isso me traz a mesma recompensa de passar adiante o conhecimento pessoalmente e ter um pouco de reconhecimento, além de não sentir que foi um conhecimento atoa.
Obrigado por se abrir aqui no Blog, me identifiquei demais e me emocionei.
Um abraço,
Lucas Pedro.
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Oi, Lucas, eu acho que vc deve mesmo abrir um canal no Youtube! Vai te fazer muito bem sim!
Abraço,
Ana
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Muito boa as dicas, acompanho seu trabalho e cada texto é melhor que o outro. Muito obrigada por compartilhar…
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Parabéns Ana,
Mais um ótimo material, pra variar… rsrs
Interessante a conclusão do Hattie, a gente sempre lembra dos bons professores que tivemos e dos ensinamentos deles. Infelizmente, dá para contar em uma mão de tão raros que foram.
Abraço,
Márcio
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Márcio, obrigado pela sua demonstração de satisfação.
Concordo com vc…
Me fez lembrar tb dos bons professores que tive, foram poucos mesmos…
Abraços, Marcelo.
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Ana,
Acho que faltou um “de” no texto.
7 – Acredite em você mesmo
Um bom professor acredita que todas as pessoas são capazes (de) aprender.
Fraternal abraço
Douglas
PS.: Parabéns pelo seu trabalho é fabuloso.
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Douglas, muito obrigado pela visualização.
Ops! Faltou mesmo.
Já fiz a correção.
Até breve, abs.
Marcelo.